Estou cansado. Tenho andado assim. Lembro-me do que vi ontem e não me sai da cabeça a ideia de ter de lá ir. De fazer e dizer-te o que sinto.
Entre copos de vinho e dois dedos de conversa com música ambiente dizes que não. Mas sem entender porquê não me respondes, nem fazes nenhum sinal. Deixas cair o copo de vinho e pedes para sair da sala. Antes de deixar a casa olho-te nos olhos e vejo o teu ar abatido, de como nos últimos tempos tens estado assim, com mais rugas, mais velha. Vejo que tens a mala pendurada na maçaneta da porta, quase a cair. Hoje reparo também que mudaste de visual, foste cortar o cabelo e comprar roupa nova. Até em casa tens objectos novos.
A música ambiente cala-se por um instante. Um piano dá vez a uma batida ritmada e penso que é hora de me ir embora. Em vez de ir de elevador desço pelas escadas a passo lento como se cada degrau fosse uma faca espetada no coração, como se cada patamar fosse o regredir na vida, andar para trás sem olharmos para onde vamos, para onde nos levam. Lá fora pergunto as horas a um rapaz que me olha desconfiado. Peço-lhe tabaco e isqueiro, mas não tem. Vagueio pelas ruas em busca não sei do quê. Uma noite perdida para sempre. Talvez não foi a noite que perdi, mas sinto que perdi algo.
Perdi-te a ti.
Entre copos de vinho e dois dedos de conversa com música ambiente dizes que não. Mas sem entender porquê não me respondes, nem fazes nenhum sinal. Deixas cair o copo de vinho e pedes para sair da sala. Antes de deixar a casa olho-te nos olhos e vejo o teu ar abatido, de como nos últimos tempos tens estado assim, com mais rugas, mais velha. Vejo que tens a mala pendurada na maçaneta da porta, quase a cair. Hoje reparo também que mudaste de visual, foste cortar o cabelo e comprar roupa nova. Até em casa tens objectos novos.
A música ambiente cala-se por um instante. Um piano dá vez a uma batida ritmada e penso que é hora de me ir embora. Em vez de ir de elevador desço pelas escadas a passo lento como se cada degrau fosse uma faca espetada no coração, como se cada patamar fosse o regredir na vida, andar para trás sem olharmos para onde vamos, para onde nos levam. Lá fora pergunto as horas a um rapaz que me olha desconfiado. Peço-lhe tabaco e isqueiro, mas não tem. Vagueio pelas ruas em busca não sei do quê. Uma noite perdida para sempre. Talvez não foi a noite que perdi, mas sinto que perdi algo.
Perdi-te a ti.