PUB

PUB

Bons Sons 2012. Um festival de caneca erguida

Reportagem do segundo dia do Festival Bons Sons. 
Texto e fotos de André Lopes.

O segundo dia do Bons Sons prometia a maior enchente do festival. No dia 17 de Agosto, Cem Soldos recebeu um programa eclético, começando na música tradicional portuguesa, passando pelo fado, até ao pop e ao rock.

 A noite terminou tarde e por isso a programação do festival só começa a partir das 14 horas. No auditório de Cem Soldos há vídeos da Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (MPGDP) e uma hora mais tarde, da tela do vídeo até à Igreja é um passo. Os Cosie Cherie com a sua música country e folk aproveitam a boa acústica da Igreja para apresentar "Book of Music".

De um ambiente sagrado passamos para um espaço de terra e pó. O nome "Palco Eira" enquadra-se em perfeito no espaço onde se situa. Outrora foi chão de cereais, mas hoje é piso para centenas de pessoas cujo o cereal colhido é a música. Os Gala Drop começam às 17 horas. A esta hora já se nota a movimentação dentro da aldeia. Os festivaleiros circulam com o programa pendurado ao pescoço. Há quem o esteja a consultar para decidir que concertos ir ver. Decidimos voltar à Igreja para ver e ouvir Carlos Batista.

Como conciliar um concerto de música pop rock dentro de um local de culto? Nunca a Igreja teve tantos jovens, as religiões aglomeram-se neste templo. Os bancos estavam repletos de gente e o cantautor confessou o nervosismo por tal facto. Com  apenas três instrumentos e uma voz se fez um concerto de músicas calmas, onde imperou a tradição dos cânticos portugueses.





















Descemos até ao Palco Giacometti para mais um concerto sentado. Celina da Piedade entra em palco com o acordeão e com a tixa (mascote do festival) ao pescoço. Refere que vai cantar as três primeiras músicas sozinha, mas que terá convidados. A música tradicional portuguesa ganha outra vida na sua voz, à qual se junta Alex na bateria, Samuel Úria na guitarra e Marco Pereira no violoncelo.

You Can´t Win, Charlie Brown levam ao palco principal a maior enchente da tarde, no segundo dia de Bons Sons. A banda é composta por seis elementos, três dos quais tocam noutros grupos - Noiserv, Diabo na Cruz e Julie and The Carjackers. Se os "Charlie Brown" estão animados, o público está ainda mais.

Este ano há um elemento novo no festival. Por dois euros pode-se comprar uma caneca com direito a uma senha de bebida. É difícil ver alguém sem a referida caneca. E é de caneca na mão que regressámos ao palco Giacometti para ouvir fado. Não um fado qualquer, mas o cantado e tocado por António Zambujo. Sozinho em palco, munido de uma guitarra e uma voz que lhe é característica. Desta vez, e dada a quantidade de público que circulava por Cem Soldos, a organização pediu que os espectadores se levantassem e apreciassem de pé o cantor. Durante o concerto havia pessoas que pediam para António Zambujo cantar determinadas músicas e quase todos os pedidos foram cedidos. Não faltaram os singles "Lambreta", "Flagrante", extraídos do mais recente disco "Cinco" e cantados por todos.




É hora de alimentar o estômago porque o espírito já está mais do que abastecido. Esperam-nos mais quatro concertos. Sentamo-nos na terra, entre comida, barracas de marroquinarias e vários cheiros. O recinto do "Palco Eira" começa a ficar composto meia hora antes do concerto dos Linda Martini começar. Foi o concerto da noite. Que mais público teve, que mais poeira levantou e que mais suor fez cair. Os ânimos acalmaram no concerto seguinte, mas não por muito tempo. Legendary Tiger Man com o seu blues electrizante foi "um homem feliz em Cem Soldos", como disse o próprio.

Parecia que cada vez chegava mais gente à aldeia. Sabemos que são todos bem-vindos. Os Paus actuam à uma da manhã e já temos de ver o concerto sentados. O cansaço não nos demove. Perceberemos mais tarde porque é que  esta banda está a atrair cada vez mais os focos dos holofotes. Mais de uma hora de pura energia contagiante, de várias batidas, numa bateria siamesa, tocada por Hélio Morais e Joaquim Albergaria.

No fim, ficou a Batida, criação recente, que mistura a música com poesia, video e fotografia.