PUB

PUB

Bons Sons na aldeia global. Cem Soldos com casa cheia

Reportagem do dia 16 de Agosto de 2012. 
Texto e fotografias de André Lopes.

Por Bons Sons paga-se os soldos que forem precisos. E em Cem Soldos oferece-se tudo o quanto for possível para acolher bons sons, boas gentes, animação, quatro dias de música e muito mais.

A aldeia de Cem Soldos, perto de Tomar, voltou a acolher o Festival Bons Sons, entre os dias 16, 17, 18 e 19 de Agosto. Quase toda a população sai à rua e aqueles que não o podem fazer, vão à janela espreitar o ambiente, espreitar as pessoas que vivem a aldeia nestes dias, espreitar este festival tão peculiar. E são inúmeras as razões que o tornam especial.

Cem soldos está fechada, o perímetro da aldeia está definido por quatro entradas onde se encontram as bilheteiras. Ao início da tarde, os parques de estacionamento começam  a encher, a movimentação começa a tornar Cem Soldos a aldeia global, local de pouso de quem quer entrar e desfrutar de um mundo de sensações.  Só quem passa pelo festival consegue descrever estas mesmas sensações.


Coube a Nuno Prata abrir os concertos no primeiro dia de festival. O Palco Giacometti recebeu um cantor e uma guitarra. A voz discreta e o ar descontraído confrontam-se com melodias poderosas e letras "perigosas" de "Deve Haver", disco de estreia a solo do cantor. Num largo praticamente cheio, o público estava sentado no chão, a aproveitar o sol e o fim de tarde. Este fim de tarde podia ser prolongado até que o público quisesse, mas Nuno Prata teve que deixar Bons Sons. No dia seguinte iria estar com a sua banda de formação inicial -  Ornatos Violeta, em Paredes de Coura.

De palco em palco, os festivaleiros tentavam ver o máximo de concertos. Quando os Capitão Fausto subiram ao palco, ainda não era muita a afluência no Palco Eira. Mas não foram precisos muitos minutos para que o público viesse em massa e fizesse a festa com as canções festivas deste grupo que se deu a conhecer em 2011. De hora a hora os concertos sucedem-se.

Às 19 horas regressámos ao Palco Giacometti para ouvir outro género de música. O Filho da Mãe, munido de boas intenções, surpreendeu uma plateia, uma vez mais, sentada no chão. Depois dos Lousy Guru, o Palco Lopes Graça, tem a sua estreia com os espanhóis El Náan. O grupo de Castilha, levou à aldeia a música tradicional, numa fusão de saxofone, marimbas, alaúdes, adufes e as várias vozes.

A noite já se tinha posto e a iluminação de Cem Soldos dava um brilho especial a quem calcorreava as ruas. Este festival não é feito só de música. Há exposições, artesanato, marroquinarias, tascas e cafés. Cada um escolhe o que mais lhe aprouver. Mas a música é o elemento agregador deste Bons Sons.

O concerto mais esperado do primeiro dia do festival chegou às 22h30. Agora a luz da aldeia iluminava o sombrio e o tétrico da noite. A Naifa subiu ao palco em forma de quatro músicos. Maria Antónia Mendes, mais conhecida por Mitó, envergava um festido preto. Luís Varatoso na guitarra portuguesa, Sandra Batista no baixo e Samuel Pimenta na bateria formam a banda que nesta noite passou em revista o mais recente disco - "Não se deitam comigo corações obedientes", mas também os seus antecessores. A música tão portuguesa de A Naifa trouxe a Cem Soldos a melancolia e o saudosismo, sentimentos que por momentos nos fazem bem.


A noite termina ao som de Yechidah, o DJ set.
Amanhã há tempo para mais uma enchente. Cem Soldos que se prepare.