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"Hoje" é uma estreia de Tiago Guedes, no Teatro Virgínia, em Torres Novas

Dez anos passados sobre o solo Materiais Diversos, uma das mais aplaudidas criações da dança contemporânea portuguesa, Tiago Guedes apresenta, em estreia absoluta, Hoje, a sua nova criação. A ante-estreia tem lugar no Teatro Virgínia, em Torres Novas, a 30 de Novembro, seguindo-se a Culturgest, em Lisboas, nos dias 6 e 7 de Dezembro. O Teatro Nacional São João, no Porto, recebe o espectáculo a 13 e 14 de Dezembro. Para 2014 já estão agendadas algumas datas, em Fevereiro em Guimarães, Coimbra e Viseu e, em Março, no Cartaxo.

O espectáculo "Hoje" pelas palavras do autor.

Passaram-se cinco anos desde a minha última criação, Coisas Maravilhosas, que estreou na Culturgest em 2008. Tempo suficiente para começar uma nova fase artística e dá-la a conhecer ao público de Torres Novas.

"Tempo para me desligar do à priori que traçava o meu trabalho, do air du temps e para me desprender da máquina de produção. Tempo tão necessário para não repetir fórmulas. Responder às pulsões de hoje, do que sou agora, de como estou neste momento e de como estão aqueles que comigo trabalham é a motivação pessoal e artística que me leva a mergulhar neste novo desafio.

Ir ao encontro de um estar que não revisito há bastante tempo - ser coreógrafo, atirar-me ao movimento na sua totalidade (onde corpo e voz são matéria de trabalho), encontrar um grupo de bailarinos e uma equipa artística que me ajudam a construir este espetáculo - o entusiasmo da criação.

Hoje vivemos tempos conturbados. Não sabemos bem onde pomos os pés e que textura tem esse terreno. Umas vezes é sólido, outras lamacento, outras de areias movediças. Este é um dos pontos de partida: um grupo de jovens bailarinos pisa um chão incerto, um chão que é transformado e os transforma pelo peso que exercem sobre ele.

Neste palco falar-se-á de instabilidade, manifestação, contestação, reivindicação, decisões conjuntas, mobilização e confrontação.

Interessa-me perceber como é que os jovens de hoje se posicionam em relação ao estado social que atravessamos, nomeadamente em Portugal, às políticas e formas de manifestação a que temos assistido nos últimos tempos. A ideia de decisão pessoal e decisão coletiva, as questões de ajuntamento e dissipação, de

coletivo atuante e de indivíduo isolado, de massa informe e de particularidade corporal são alavancas para um trabalho coreográfico que traduz a necessidade de ter uma palavra na sociedade.

Hoje é portanto um grupo que dança e canta, que contesta, que escuta o que está para além do espaço de ação, que adormece. Um grupo coeso, que reivindica. Um grupo que sai para a rua, que liberta a sua raiva, mas também terno e vulnerável. Um grupo que procura um ponto de apoio num terreno inconstante, movediço - que hoje te enterra mas que também te faz chegar mais alto."

Tiago Guedes


FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA
Direção Artística e Construção Coreográfica Tiago Guedes

Assistência de direção artística Pietro Romani

Interpretação e Coreografia Anaísa Lopes, Ângelo Cid Neto, António Onio, Jonas Lopes, Marcella Mancini, Marco da Silva Ferreira e Teresa Silva

Desenho de luz e Direção técnica Carlos Ramos

Desenho de som João Bento

Cenografia Henrique Ralheta

BIOGRAFIA TIAGO GUEDES


Tiago Guedes (Leiria, 1978) desenvolve o seu trabalho coreográfico desde 2001, destacando entre outros os seguintes trabalhos: Um Solo (Jun/2002, galeria ZDB, Festival Danças na Cidade, Lisboa), Prémio do Público no âmbito do programa Encontros Imediatos do Festival Danças Na Cidade, Lisboa, e prémio Jovens Criadores da Bienal dos Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo; Materiais Diversos (Set/2003, sala estúdio do
TNDMII), prémio Jovens Criadores do Clube Português de Artes e Ideias na área da Dança; Trio (Abr/2005, Théâtre le Vivat, Armentières, França / Grande Auditório da Culturgest, Lisboa); Matrioska (Jan/2007, Théâtre Le Vivat, Armentières, França); Ópera (Jul/2007, Negócio – ZDB, Lisboa, Portugal) e Coisas Maravilhosas (Fev/2008, Festival Vivat la Danse! Théâtre Le Vivat, Armentières, França).

O seu trabalho tem sido apresentado em diversos teatros e festivais um pouco por todo o mundo, nomeadamente Espanha, França, Alemanha, Itália, Grécia, Eslovénia, Bélgica, Suíça, Brasil, Áustria, Holanda, Reino Unido, Hungria, índia e Singapura.

Em 2007 assumiu a direção artística da Associação Cultural Materiais Diversos, dirigindo desde 2009 o Festival Materiais Diversos. Em 2011 assumiu a direção do Cine-Teatro São Pedro em Alcanena, cargo que mantém por dois anos. Neste mesmo ano, vê publicada a monografia dedicada à sua obra Instantanés 01 – Tiago Guedes pelo Centre Pompidou-Metz, com textos de Tiago Bartolomeu Costa. Paralelamente à sua atividade enquanto criador e programador, tem lecionado em instituições como o Fórum Dança e a Escola Superior de Dança e participado enquanto orador em diversos debates e encontros sobre o sector cultural.

É desde Março de 2013 o Diretor Artístico do Teatro Virgínia em Torres Novas.