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Festival Materiais Diversos de 18 a 27 de Setembro em Alcanena, Cartaxo, Minde e Torres Novas


O Festival Materiais Diversos (FMD) 2014 contará com uma programação de dança, teatro e música, bem como com um conjunto de actividades paralelas que cruzam formação, conferências, cinema e DJs.

Através de uma parceria entre os municípios de Torres Novas, Alcanena e Cartaxo, o Governo de Portugal-secretário de Estado da Cultura/Direcção Geral das Artes e a Materiais Diversos, o FMD “afirma-se como uma referência nacional e internacional, espaço de descoberta do que de melhor se produz no campo das artes performativas”, afirmou Tiago Guedes em Conferência de Imprensa, no passado dia 1 de Setembro.



Em estreia nacional, Marcelo Evelin (Brasil) confronta bailarinos e público num ringue comum, Kevin Jean (França) questiona as leis tempo da gravidade, Fabián Barba (Equador/Bélgica) remonta um recital de dança expressionista dos anos 30 e é pretexto para um foco em torno da coreógrafa Mary Wigman, Bouchra Ouizguen e 3 cantoras Aïta (Marrocos) fazem uma ode à loucura, e Radhouane El Meddeb (Tunísia/França) testa os nossos limites num híbrido entre a dança e circo.

Cláudia Gaiolas e Rita Rio de Sousa criam com trabalhadores da indústria dos curtumes um espectáculo de teatro e vídeo que assinala os 100 anos de Alcanena. Clara Andermatt, Cláudia Dias, Sofia Silva e a dupla Leonor Keil e Francisco Campos, apresentam os seus mais recentes trabalhos, munidos de um discurso crítico acerca do nosso tempo. Ângelo Cid Neto e Sara Chéu levam o teatro às escolas numa peça lúdica sobre questões de identidade. A música marca lugar com o live act imersivo de Lorenzo Senni (Itália) e o concerto electrónico da rapper lírica Capicua. No Ponto de Encontro, as Noites Longas convidam a tomar a pista de dança de assalto.

Segundo Tiago Guede, são “dez dias efervescentes que convocam a olhar o mundo através da visão de artistas, em pleno diálogo com a comunidade local, as suas associações e participantes entusiastas, sem os quais tudo isto seria impossível de realizar." 

Programa de espectáculos

Dia 18, às 21h30, Cine-Teatro São Pedro, em Alcanena
"Não sou só eu aqui” (teatro & vídeo), de Cláudia Gaiolas & Rita Rio de Sousa (Portugal) e interpretação dos trabalhadores do sector de curtumes parceria com o CTIC - Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, António Nunes de Carvalho, S.A. e Couro Azul - Indústria e Comércio de Couros, S.A.“Não sou só eu aqui” é sobre o corpo todo. É sobre a memória de um espaço ocupado há dezenas de anos por centenas de pessoas. É sobre rotação. É sobre o ar que existe entre cada posto de trabalho e a forma como ele é ocupado. É sobre pessoas extraordinárias.

Dia 19, às 21h30, Fábrica de Cultura, Minde
"De repente fica tudo preto de gente" (dança), de Marcelo Evelin (Brasil)
Partindo do livro de Elias Canetti “Massa e Poder” (1960), Evelin investiga a massa enquanto multidão de singularidades. Banhados de luz, cinco intérpretes exóticos e familiares contorcem-se vigorosamente, movendo-se através do espaço, qual massa arfante imprevisível e rítmica. Dividem espaço com o público, desafiando-o ao pretume, lá onde se está tão próximo do outro quanto de si mesmo. Somos todos iguais, sem raça ou género, pisamos o mesmo chão. Porquê e como se juntam as pessoas?

Dia 19, às 23h, Fábrica de Cultura, Minde
Oracle (G Version) – música-live set | imersivo, de Lorenzo Senni (Itália)
Concerto audiovisual que desconstrói a cultura rave dos anos 90. Lorenzo disseca a estrutura da música, reinterpretando os arquétipos do trance, cuja substância eufórica manipula. Nas composições dinâmicas do aclamado álbum Quantum Jelly, ecoam sintetizadores que resistem a uma ampliação aparentemente eterna, intensificando a experiência sensitiva sem nunca atingir o clímax. O oráculo revela a verdade sobre a arquitectura da música de dança, hipnótica e minimalista como lasers.

Dia 20, às 18h, Fábrica de Cultura, Minde
“Vontade de ter vontade” (dança & teatro), de Cláudio Dias (Portugal)
Uma reflexão política, poética, provocadora e comovente sobre os dias de hoje. O palco transforma-se num país - Portugal, identidade e território, atravessado a par de uma viagem pessoal, colectiva e histórica, rumo a potenciais destinos espaciais e temporais.
Um olhar sobre o momento que vivemos na Europa, as contrariedades da relação entre Norte e Sul, colonizador e colonizado, central e periférico. Ficar imóvel, a fazer contas ao tempo por passar? Ou desenterrar a vontade?

Dia 20, às 21h30, Teatro Virgínia, Torres Novas
“HA!” (dança), de Bouchra Ouizgu (Marrocos)
A loucura, com as suas explosões inadequadas e desconcertantes exibições de emoção, é motivo para um espectáculo inspirado na relação que todos mantêm com as suas obsessões e na obra do poeta persa Jalal ad-Din Rumi. Bouchra junta-se as cantoras Aïta, cujas vozes rítmicas e melódicas oscilam entre o grito e o lamento.O quarteto purga experiências que vão desde a expressiva sexualidade a evocações fantasmagóricas do Sufismo, num equilíbrio delicado entre beleza e insanidade.

Dia 20, às 21h30, Teatro Virgínia, Torres Novas
“La 36ème chambre” (dança), de Kevin Jean (França)
Uma lesão nos pés leva Kevin a reflectir sobre o papel de um corpo não virtuoso na dança - poderá ser a mudança menos dramática ao inverter a perspectiva e mudar a perceção da gravidade? Suspenso numa corda de cabeça para baixo, o criador oferece variações surpreendentes que evocam a queda e a estranheza de um corpo em posturas invulgares, constrangido e no entanto fluído de movimentos. Joga com o falhado e evitado, um corpo estrangeiro que é preciso reconquistar e superar.

Dia 21, às 16h, Mata de Minde
“La 36ème chambre” (dança), de Kevin Jean (França)

Dias 22 e 24, Escolas do concelho de Alcanena
“Octávio de olhos fixos” (dança-teatro), de Ângelo Cid Neto & Sara Chéu (Portugal)
A tentativa frustrada de parar o tempo numa comédia dramática baseada no universo de Tim Burton. Octávio é o 8º irmão, adoptado. Era um peixe feliz no aquário, mas tinha medo de envelhecer. Socorreu-se de transformações plásticas, que resultaram menos bem: torna-se num furão empalhado. Os seus 7 irmãos fazem de tudo para que ele regresse à normalidade do aquário, mas do seu corpo antigo, Octávio conserva apenas os olhos fixos. Para os mais novos, os mais velhos e os assim-assim!

Dia 25, às 21h30, Teatro Virgínia, Torres Novas
“A Mary Wigman Dance Evening” (dança), de Fabián Barba (Equador/Bélgica)
Nos anos 30, a coreógrafa alemã Mary Wigman cruza o Atlântico com os seus pioneiros recitais de dança expressionista, mudando para sempre a paisagem da dança nos E.U.A. Fabián reúne 9 solos curtos num recital re-interpretado com impecável coerência estética, que perpassa tanto a ambiência evocada quanto a qualidade dramática de movimento.
Fabián feito Wigman desenha gestos compridos e geométricos, numa autêntica viagem no tempo da história da dança, tornada contemporânea, viva e pulsante.

Dia 26, às 21h30, Fábrica de Cultura Minde
“Insight” (teatro & dança), de Francisco Campos & Leonor Keil (Portugal)
A crise criativa retratada numa coreografia cómica ou comédia física, íntima e cativante. Um artista vê-se forçado a substituir a intérprete. A dupla dialogante desenvolve a peça, entre conflitos estéticos, problemas de interpretação, dúvidas inultrapassáveis e manifestação de pensamentos e desejos, que abalam progressivamente as convicções do artista. Em Insight, o texto ágil e a coreografia repetitiva servem um processo de transferência psicológica e metamorfose existencial.

Dia 26, às 23h, Fábrica de Cultura Minde
“Sereia louca” (música),de Capicua (Portugal)
Capicua (do catalão cap i cua, cabeça e cauda) tem disco novo: Sereia Louca, ou serei a louca. Um disco que nasceu porque há sereias que gostam de sapatos. Que fala das mulheres, da água, da morte e dessa coisa complicada que é o passar do tempo e da idade. Aclamada pela crítica e acarinhada pelo público, a carismática rapper reafirma a sua mestria lírica em temas autobiográficos, sem filtro. Lucidez musical num concerto electrónico que nos diz “coisas estranhas ao ouvido”.

Dia 27, às 18h, Fábrica de Cultura Minde
“Nos limites – Os nossos limites” (dança), de Radhouane el Meddeb, Mathias Pilet & Alexandre Fo (Tunísia/França)
O ex-trapezista Fabrice Champion (Arts Sauts), tetraplégico após um acidente de acrobacia, morre durante o processo criativo da peça para os seus amigos e talentosos estudantes Mathias e Alexandre. Radhouane assume a direcção artística, unindo energéticas elevações acrobáticas a uma delicada coreografia. Uma história terna sobre as pulsões de vida apesar da adversidade, que encoraja a transcender a memória para a tornar viva. A força da união como alavanca de superação da ausência.

Dia 27, às 21h30, Centro Cultural do Cartaxo
“Tempo do corpo” (dança), de Sofia Silva (Portugal)
Projecto de criação subtil e comovente, protagonizado por elementos da comunidade local maiores de 65 anos, expõe o corpo como documento expressivo que regista a passagem do tempo. Que memórias, marcas e transformações denunciam a pele, os ossos e os músculos? Que vivências pessoais revelam as matérias vivas? Sofia Silva trabalha a presença, textura, massa e densidade de corpos reais, belos no gesto porque são marco perecível da história de cada um. Para todas as gerações.

Dia 27, às 21h30, Teatro Virgínia, Torres Novas
“Fica no singelo” (dança), pela Companhia Clara Andermatt (Portugal)
Clara Andermatt propõe-se um desafio arriscado e sedutor: resgatar os universos da dança e música tradicionais portuguesas, através de uma abordagem contemporânea que desperta a dimensão relacional e lúdica da dança. Fundada numa pesquisa sobre os bailes populares e o folclore, reflecte sobre as técnicas, funções e motivações a eles associadas. Descontextualiza então estas práticas, revestindo-as de novas expressões, numa troca dinâmica entre o passado e o que está para vir.

Fora do palco:
Dia 18, às 18h30, Cine-Teatro São Pedro, Alcanena
“Passado, presente e futuro o quadro cultural dum concelho centenário” (conferência)
O FMD tem-se afirmado como um marco no quadro cultural do Concelho de Alcanena. Por ocasião da comemoração do seu 1º centenário, personalidades da sociedade civil, associativa e política, debatem a cultura no seu termo, reflectindo sobre o passado, discutindo o presente e projectando o futuro. Lançam-se assim as bases para a sustentação cultural do território.
Moderador: Tiago Guedes; Oradores: Maria João Gomez (vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Alcanena), Gabriel de Oliveira Feitor (ensaística histórico), Sofia Campos (directora de produção e assessora artística, Alcântara, Lisboa), Gonçalo Santos (APIC – Associação Portuguesa dos Industriais de Curtumes, Alcanena), Paula Vedor (Sociedade Musical Mindense, Minde), Filipe Dias (ator e cantor, Alcanena), Saul Roque Gameiro (pintor, Minde).

Dia 19, às 00h, Fábrica de Cultura, Minde
“Noites longas”, com o DJ Lorenzo Senni

Dia 20, às 10h, E.B. 2+3 de Minde
“Aula de teatro”, por Cláudia Gaiolas

Dia 20, às 00h, Fábrica de Cultura, Minde
“Noites longas”, com o DJ Demolition Inc.

Dia 21, às 10h, E.B. 2+3 de Minde
“Aula de movimento”, por Bouchra Ouizguen

Dia 21, às 13h, Mata de Minde
“Barrigada: piquenique total um alimento para o corpo e para o ânimo”, (piquenique & debate)
Um encontro guloso em pleno Parque Natural da Serra d’Aire e Candeeiros aberto a todos. Artistas, população, equipa do festival e públicos partilharão os seus petiscos caseiros e as suas experiências enquanto espectadores e participantes. Saciado o apetite, lançam-se perguntas anónimas aos artistas, num formato de jogo quizz sem reservas ou pudores. A arte como alimento é energia propulsora de ânimo, reflexão, afectos. Ela inflama, perturba e provoca - e por isso é urgente!

Dia 24, às 18h, Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, Torres Novas
“A Mary Wigman dance evening” e “A personal yet collective history” (conferência, falado em espanhol)
Fabián Barba reflecte sobre a sua experiência enquanto bailarino em dois contextos distintos - Equador e Bélgica -, e como os paradoxos na percepção do que é a contemporaneidade na dança o levam a conceber os projectos A Mary Wigman Dance Evening e A personal yet collective history, nos quais instiga a que se estabeleçam relações presentes com danças do passado. O que leva a catalogar determinada criação dos dias de hoje como datada? Quantas temporalidades encerra a actualidade?
Oradores: Fabián Barba (coreógrafo e intérprete) e Anabela Silva (historiadora)

Dia 24, às 21h30, Cine-Clube de Torres Novas/Estúdio Alfa
“When the fire dances between two poles, Mary Wigman 1886-1973” (cenas de dança – documentário)
Retrato vívido da dança expressionista alemã entre 1923 e 1942, relatado por Mary Wigman, figura central na história da dança Europeia. O vídeo inclui filmagens históricas das primeiras experiências de improvisação na Escola Rudolf Laban e vídeos de ensaio com estudantes da Escola Wigman, bem como as coreografias de Wigman Witch Dance, Seraphic Song, Dance of Summer, e excertos da última actuação Farewell and Thanksgiving, expondo com sensibilidade a sua visão artística.
Realização: Allegra Fuller Snyder; Coreografia: Mary Wigman; Voz off: Herta Glaz

Dia 26, às 00h, Fábrica de Cultura, Minde
“Noites longas”, com o DJ Dark Shapes

Dia 27, às 10h, E.B. 2+3 de Minde
“Aula de movimento”, por Leonor Keil

Dia 26, às 23h, Fábrica de Cultura, Minde
“Baile fica no singelo”, por Associação Pé de xumbo (Portugal), Companhia Clara Andermatt (Portugal) e Mercedes Ptrieto (Espanha)
Quem não baila suavemente na cadeira em Fica no Singelo? Convidamo-lo a protagonizar algumas das práticas coreográficas que inspiraram a peça, como a valsa mandada do Alentejo Litoral. Manda a tradição que o mandador-bailador conduza uma roda de pares através de expressões codificadas, entre as quais o famoso “Singelo”. Deixe-se guiar, atento e descontraído, pelo ostinato da voz e pelo rodopio dos corpos em balanço pendular, num diálogo entre a música, a dança e a arte da fala.


Dia 27, às 00h, Fábrica de Cultura, Minde
“Noites longas”, com o DJ D MA (Disco my ass)