O escritor José Alberto Marques revive em Abrantes, sua
terra adoptiva, “50 Anos de Vida Literária” em exposição e lança novo
livro intitulado “Biblioteca Pessoal”. A iniciativa tem lugar na Biblioteca Municipal António Botto e divide-se em dois momentos:

A
obra de José-Alberto Marques, ligada ao movimento da poesia
experimental portuguesa desde as suas primeiras manifestações no final
de década de 50, alia a experimentação fonossemântica e grafossemântica
com um lirismo autobiográfico e uma aguda consciência social e política. A
possibilidade de conhecimento e aprendizagem matérica do corpo nas
formas da língua e da escrita é uma constante da sua obra poética e
ficcional. Outra constante encontra-se numa reflexão quotidianizada
sobre a possibilidade de transformação política e social do Portugal
pós-revolucionário.
José-Alberto
Marques, natural de Torres Novas, frequentou a Licenciatura em Direito
na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Obrigado a abandonar
os estudos por razões económicas, exerceu diversas profissões ao mesmo
tempo que fazia o Curso de História. Radicado em Abrantes desde a década
de 1960, foi professor efectivo de Português na Escola D. Miguel de
Almeida. Das diversas actividades de intervenção cultural e artística,
destaque-se participação nos dois números da revista Poesia Experimental
(1964, 1966) e na ‘Conferência-Objeto’ (Galeria Quadrante, 1967).
Recebeu o 1º Prémio Nacional de Literatura Infanto-juvenil nas
comemorações dos 20 anos do 25 de Abril, com o livro A Magia dos Sinais
(1996). Em 1996 recebeu a medalha da cidade de Abrantes.
A
sua obra em livro inclui poesia, ficção, teatro e literatura
infanto-juvenil. Entre os seus livros de poemas, refiram-se A Face do
Tempo (1964), Hoje. Mas (1967), Estórias de Coisas (1971), Aprendizagem
do Corpo (1983), flexõesREflexões (1985), Loendro (1991), Zara (1995),
Eu disse que Baudelaire andava a pé (1999), Padrões (1999), Cantologia
1964-1999 (2000, edição bilingue, com versão em espanhol de Antonio Saez
Delgado), Hiperlíricas (2004) e British Barthes: Poesia (2011).
Organizou, com E. M. de Melo e Castro, a Antologia da Poesia Concreta em
Portugal (1973). Publicou as obras de ficção Sala Hipóstila (1973), O
Elefante de Setrai (1977), Nuvens, no Vale (1985) e As Tiras da Roupa de
MacBeth (2001). A sua obra foi antologiada no livro comemorativo I’man
(2009). Participou em exposições coletivas de poesia concreta e visual e
de arte postal. Refira-se ainda a exposição individual Homeóstatos e
Visuais (1999, Biblioteca Municipal António Botto, Abrantes). Realizou
também diversas performances.