
Um monólogo. Uma actriz, Ana Bola. Com 40 de profissão, fez teatro, fez
televisão, foi autora de séries de sucesso, apresentadora de programas,
jurada de concursos, etc.. Aos 62 anos de idade vê-se confrontada com
falta de trabalho, apesar de continuar no activo, em forma e acarinhada
pelo público. Apresenta propostas, tem reuniões com as direcções de
programas, mas não consegue ver nada aprovado. Restam-lhe os castings de
um programa de talentos. É-lhe pedido que faça desde dança a culinária,
passando por ballet clássico ou até por números de circo. Ainda que de
uma forma ligeira e bem-disposta, o espectáculo procura uma crítica
directa e sem papas na língua a uma realidade gritante: a total falta de
respeito pela arte, pelos artistas e pelo trabalho sério, que é
substituído por atentados ao talento e à experiência. O que resulta na
ascensão a vedeta da total ausência de talento. Este monólogo chama os
bois pelos nomes. Sem filtros. Sem medos.