A intenção do artista não é obter um conjunto de pinturas como resultado final, mas sim trabalhar no caminho para a construção de um traço pictórico identitário. Nesse sentido, aos olhos do artista, existe um certo vazio na tentativa de representar a realidade, há uma limitação na forma como se constrói uma imagem mental.
Personagens femininas pintadas em cartão apresentam-se como identidades estereotipadas pelas modas sociais, tão formadoras de uma determinada personalidade, totalmente posta em causa com o um olhar fixo no seu mais infinito interior. As personagens representadas nunca são o que está pintado, mas sim tudo aquilo que não está, ou seja, são figuras fora de si mesmas, que apenas aparentam a uma identidade coletiva com a pele social que vestem: roupa, penteados, pose corporal. Mas ao mesmo tempo o seu olhar está fixo e concentrado o que faz com que a própria personagem pintada não esteja na pintura, mas sim no mundo dos seus pensamentos, como reflexo de uma identidade individual. O que resultado é uma pintura falsa na representação tal e qual como a perceção que cada um de nós tem da realidade, por ser subjetiva e por ela ser também uma mera representação.
Hugo Travanca nasceu em Coimbra em 1981, cresceu no Olival, Freguesia do Concelho de Ourém, onde residiu até terminar o ensino secundário. Completou a Licenciatura em Artes Plásticas pela Universidade de Évora em 2005, uma Pós-Graduação em Comunicação e Imagem em 2006 pelo IADE e um mestrado em Criação Artística pela Universidade de Barcelona em 2012 onde neste momento está a terminar um Doutoramento na mesma área. Em simultâneo vem desenvolvendo trabalho nas mais variadas vertentes das Artes Visuais, expondo frequentemente a sua Pintura desde 2003, colaborando em parceria na área do Design gráfico e Escultura e participando em diversos projetos como ilustrador.
A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 09h às 13h e das 14h às 18h.