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Abrantes - Biblioteca Municipal tem patente exposição sobre cartografia militar de Abrantes


A Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, tem patente, até 20 de setembro, a Exposição "Cartografia Militar de Abrantes: Séculos XVIII a XX", de José Vieira.

A mostra pode ser visitada no horário da Biblioteca Municipal, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00.

José Manuel D’Oliveira Vieira, sargento-mor de infantaria, nasceu em Abrantes, em 1947. Fez quase toda a sua carreira militar no Regimento de Infantaria N.º 2. Durante a guerra colonial foi mobilizado para Angola e Moçambique.

Depois de passar à reserva, em 2000, interessou-se pela história de Abrantes, especialmente militar, publicando artigos no “Jornal de Alferrarede” e no seu Blogue “Coisas D’Abrantes”.

Durante a pesquisa para uma “História Militar de Abrantes”, o acervo “Cartas e Plantas Militares, DIE - Espólio da Engenharia Militar Portuguesa”, permitiu-lhe conhecer o trabalho do Real Corpo de Engenheiros, na construção e consolidação de fortalezas e pontes na praça de Abrantes, antes, durante e depois das Invasões Francesas.

A cartografia agora apresentada, de 1700 a 1927, resulta dessa pesquisa. Nela se obtém informação relativa à sua defesa: fortificações, construções militares, pontos defensivos ou militarmente importantes, pontes sobre o Tejo e sua defesa, paióis, unidades aqui aquarteladas, levantamentos do território envolvente e possíveis itinerários de aproximação de inimigos; mas também sobre aspetos colaterais como detalhes toponímicos, construções religiosas e vernáculas de destaque, detalhes de natureza demográfica ou económica.

A coleção documenta um suceder de unidades militares de grandes efetivos, portuguesas e estrangeiras, em Abrantes, considerada importante praça de guerra, abrindo caminho à compreensão de um quotidiano marcado por uma sociabilidade fortemente influenciada por esse fator.

Grande parte desta cartografia ressalta a existência de um perímetro muralhado que praticamente circundava toda a vila, com várias portas de entrada, e a persistência, durante mais de duzentos anos, de projetos para a sua consolidação, resultando no confronto com a realidade atual, a constatação de como um cego processo de modernização urbanística levou à sua destruição e consequente perda de significativas marcas visíveis da identidade militar abrantina e, também, do que hoje poderia ser um elevado fator de atratibilidade turística. Por isso, ver esta exposição é também uma possibilidade de nos interpelarmos sobre a forma como percorremos os caminhos entre o passado, o presente e o futuro.